A manhã seguinte começou com os gritos de um apito metálico. Escrava 27 despertou no chão frio da baia coletiva, os joelhos doloridos pela posição forçada da noite anterior — acorrentada pelas canelas, dormira como uma égua arriada. O corpo ainda ardia das chicotadas, mas não havia tempo para compaixão.
Duas auxiliares da Senhora V., ambas vestidas em couro negro com cintos de ferramentas de punição à cintura, invadiram o local com bastões de choque em mãos. Uma única ordem foi lançada:
— Formação de rebanho.
As escravas se ergueram como podiam, de quatro, algumas com tremores visíveis. Escrava 27 tomou seu lugar na linha, tremendo, mas sem hesitar. Havia aprendido. Hesitar doía mais.
A manhã seria especial.
“Dia de Seleção”, anunciaram.
Uma vez por mês, algumas das escravas consideradas "promissoras" eram escolhidas para um nível superior de servidão: as ponygirls oficiais da fazenda. Tornavam-se parte de espetáculos privados, puxavam charretes, desfilavam com selas reais, e participavam de corridas e exibições cruéis para aristocratas e colecionadores de submissas.
Era um privilégio... no mais degradante sentido da palavra.
A Senhora V. apareceu no topo da colina, com uma charrete de couro negro puxada por duas ponygirls com arneses brilhantes e bitolas cravadas na boca. Desceu com elegância e dominância — cada passo seu calava as outras Dominadoras.
— Hoje, disse com a voz gelada, vamos lapidar mais uma jóia para minha coleção.
Seus olhos cortaram a formação de escravas como lâminas afiadas. E então, pararam nela.
Escrava 27.
Do nada, dois doms surgiram e a arrastaram. Ela tentou não tremer. Tentou manter o que restava de postura. Foi levada até o centro da arena e acorrentada a um poste com os braços para trás e as pernas abertas por uma barra de metal rígida.
Senhora V. aproximou-se e passou os dedos gelados sobre seu queixo.
— Ainda há dignidade aqui. Vamos arrancar isso agora.
E a seleção começou.
O primeiro teste foi de resistência.
Seu corpo foi vestido com peças de couro apertadas — um arnês entre as coxas, uma sela falsa nas costas. A cada movimento, pequenas agulhas internas no arnês pressionavam sua pele. Amarrada a um trenó de madeira, teve que rastejar puxando o peso com os dentes presos em uma mordaça de tração. Cada falha, cada pausa, resultava em choques nos mamilos, ligados por pequenos eletrodos.
O segundo teste foi de degradação.
Frente a uma bancada com Dominadores convidados, teve que desfilar como uma égua em cio. A cada volta, deveria parar, abrir as pernas e expor-se por completo, gemendo “sou só uma potrinha nojenta, feita para servir.” A vergonha queimava. Mas ela sabia: quanto mais fundo descia, mais agradava à Senhora V.
O terceiro e último teste foi de marcação final.
Deitada em um bloco de concreto, teve a base da coluna tatuada com o símbolo das ponygirls da fazenda — um círculo com um chicote cruzando uma ferradura. Um símbolo eterno. Um fim.
Horas depois, já com as pernas trêmulas, o suor misturado ao sêmen dos convidados que haviam usado sua boca como parte da avaliação, e o sangue seco entre as nádegas, ela foi levada para uma nova cela.
Diferente da antiga: esta tinha palha no chão, um bebedouro metálico e um espelho fixado — para que visse o que havia se tornado.
Sobre a porta, havia uma placa.
PONY #27 – PROPRIEDADE DE SENHORA V.
Na manhã seguinte, ela receberia ferraduras simbólicas nos tornozelos. Um bridão real. Treinamento com freio.
E passaria a desfilar nas festas privadas da elite sombria que financiava a fazenda.
Escrava 27 não existia mais.
Agora era apenas Pony 27, uma besta sem voz, sem ambição, sem identidade.
E a cada noite, ao deitar com o corpo exausto e a mente em branco, ela se pegava repetindo mentalmente a única coisa que ainda fazia sentido:
“Fui feita para servir. Fui feita para sofrer. E assim, existo.”