Como é clichê esse meu conto, mas queria compartilhar minhas primeiras experiências sexuais. Hoje tenho 38 anos e essa história aconteceu há 24 anos. Sempre morei em casa de vila no subúrbio de São Paulo (um beijo para os manos da Zona Leste e um salve para as minas).
Em casa tinha uma regra: só podia brincar na rua nos finais de semana. Durante a semana eu ficava assistindo televisão, estudando e ouvindo rádio. Nos finais de semana eu sempre ia para a rua das minhas primas, porque lá tinha mais gente. Todo mundo me conhecia e brincava comigo, mas eu sempre era tratado como o outsider, já que eles brincavam todos os dias e eu só nos finais de semana.
Todo mundo sabe que as brincadeiras na periferia são sazonais: tem a época do pião, do carrinho de rolimã, do pipa…
A época do pipa para mim era a mais chata. Primeiro porque eu não sabia empinar. Quando comprava uma e conseguia colocar no ar, logo alguém cortava. Um ano resolvi largar um pouco os amigos da rua da minha prima e passei a empinar pipa com os malocas da minha rua. Vou citar os nomes verdadeiros porque infelizmente todos já faleceram (quem mora na periferia entende o motivo). Eram o Roberto, o Nego, o Jairinho e o Preto — todos mais experientes e que me ensinaram várias coisas.
O Roberto era o mais comunicativo. Baiano, morava em São Paulo com o pai e a irmã. Nunca falava da mãe. Branco, cabelos castanhos escuros enrolados, boca grande, falava meio babando. Era só um ano mais velho que eu, mas parecia muito mais, já tinha corpão de homem feito. Alto, vivia de chinelo e regata — uniforme dele pra tudo.
O Nego, que de negro não tinha nada, era moreno, o mais malandro. Sempre sorrindo, achando que levava vantagem em tudo. Tinha uma lábia e um charme difíceis de resistir. Vivia coçando o saco — parecia que tinha pulga, mas era só mania porque dizia que raspando os pelos cresceriam mais rápido.
Do Jairinho não vou falar agora porque ele faz parte de outra história.
O Preto, como todo mundo chamava, realmente era negro. Alto, mas não magrelo. Encorpado, barriga marcada, aquela entradinha perto da virilha… suspiro só de lembrar. Também baiano, primo do Roberto. Era tímido, só falava o necessário.
Só eu fiquei sem descrição, né? Bom, sempre fui gordinho (até hoje), mas alto: 1,79. Na época devia ter uns 1,68. Moreno café com leite, cabeludo, mas sempre penteado. Sempre tive pernas e bunda bem torneadas. Amava andar de bicicleta e vivia rodando por todo canto.
Como disse, era época de pipa. Eu comecei a me enturmar com esses meninos. Todo dia vinham até a porta da minha casa e a gente ficava preparando as pipas, linhas e cortantes (hoje sei do perigo, mas na época não tinha noção). No fim de semana saía com minha lata de linha e meu pipa para empinar com eles.
No começo só falávamos de pipa. Ríamos quando alguém cortava ou perdia a pipa. Mas, quando começava a escurecer, eles sentavam e o papo mudava: era sempre alguma menina gostosa ou alguma provocação. Logo virei o alvo por ser tímido. O Nego, por exemplo, sentava na guia, tirava o pau pra fora sem cerimônia e dizia:
— Olha ele aqui, o Sr. Cabeça tá querendo um beijinho. Vem dar um beijo nele, vai?
Logo o Roberto e o Preto faziam a mesma coisa, oferecendo para o meu lado, e eu, tímido, fugia. Mas o Roberto, sempre que ninguém olhava, passava atrás de mim e eu sentia o pau dele roçando. Às vezes ele beijava minha nuca e soltava uma:
— Gostosa… nossa, que bunda!
E eu, todo arrepiado, fugia das investidas.
A gente empinava em lugares diferentes, conforme o vento. Quando batia para o fundo da minha casa, íamos para um terreno vazio ali perto. Pulávamos o muro e ficávamos lá. Era comum aparecer algum maconheiro no mato alto, mas nunca mexiam com a gente. Eu gostava desse lugar porque sempre rolava alguma brincadeira mais ousada. O Roberto me abraçava de pau duro, beijava minha nuca. O Nego pegava minha mão e enfiava na cueca dele. O Preto ria, mas sempre mais na dele. Eu achava que com ele nunca ia rolar nada.
Nos fundos da minha casa tinha um terreno separado, que meu pai queria usar para construir outra casa e alugar. Ele cercou tudo e fez um quartinho para guardar ferramentas.
Um sábado à tarde uma pipa caiu no telhado do vizinho. Combinei com o Preto dele subir para pegar, já que tinha perdido a dele. Entramos no terreno, ele subiu, pegou a pipa, mas na descida quebrou os últimos degraus e machucou a perna nos pregos. Fiquei preocupado, levei ele para o quartinho, sentei nos sacos de cimento e fui limpar o ferimento. Não era grave, logo parou de sangrar. Só percebi depois que tinha passado a estopa pela virilha dele.
Ele percebeu, pegou minha mão e colocou em cima do pau dele, que já estava duro como uma tora. Começou a me guiar e eu fui ficando com um tesão que nunca imaginei. Tirou pra fora e mandou eu chupar. Inexperiente, coloquei aquela tora preta na boca. Que delícia ver a cara dele enquanto eu chupava. Era minha primeira vez, mas já tinha visto em revistas e logo fui mostrando meu talento nato.
Ele puxava minha cabeça e gemia baixinho:
— Isso, chupa vai… ai, não para… chupa minhas bolas.
E eu obedecia, lambendo o saco enquanto ele batia o pau na minha cara. Eu lambia a cabeça olhando para ele, pensando só em fazer aquele homem gozar. Ele segurava minha cabeça, socava minha boca e falava putaria que me deixava com mais tesão:
— Vou foder sua boca como bucetinha… caralho, que boquinha… engole tudo vai…
Enfiava fundo, até faltar ar e meus olhos lacrimejarem.
Quando o pau começou a pulsar, achei que ele ia gozar na minha boca, mas parou. Mandou eu tirar a roupa. Me beijou na boca, passou as mãos no meu corpo, roçou o pau no meu e me deixou em brasa. Os beijos desceram para o pescoço, a respiração me arrepiava. Senti as mãos dele abrindo minha bunda, os dedos procurando meu cuzinho. Ele beijava e tentava enfiar um dedo, eu reclamava da dor. Ele cuspiu, passou no anelzinho e tentou de novo. Entrou um dedo, desconfortável, mas o tesão falava mais alto. Entrou o segundo, eu pensava: “Que dor da moléstia é essa?”. No terceiro eu disse:
— Não dá, dói muito.
Ele parou, sorriu, pegou uma latinha de vaselina que meu pai guardava. Quem tá na chuva é pra se molhar, né? Ele espalhou no pau e começou a passar na entrada. Achei que não ia aguentar, mas, quando vi, a dor tinha passado e ele estava todo dentro de mim. Mistura de dor e prazer.
Ele não foi o mais romântico do mundo, mas naquele momento o tesão falava mais alto. Eu queria sentir aquele homem me desejando. Logo a dor virou prazer e comecei a rebolar, mesmo desajeitado. Ele me virou, colocou minhas pernas nos ombros. Eu passava a mão no corpo dele, puxava ele para mim, beijava com vontade. Nossos gemidos foram aumentando até que senti ele desfalecer em cima de mim, minhas pernas entrelaçadas na cintura dele, os jatos quentes dentro de mim.
Na hora, vendo aquele homem gozar, não me aguentei: gozei também, na barriga dele, puxando ele para mais perto. Depois limpamos a bagunça e saímos como se nada tivesse acontecido.
Sou da geração da Sandy e sempre imaginei que minha primeira vez seria especial. No fim, aconteceu na força do tesão. E se você me perguntar o nome do Preto, até hoje não sei. A definição disso é “puta que chama”? Espero que não, porque ainda vou contar minhas experiências com o Roberto e o Nego.
Espero que tenha gostado do meu conto e relevado meus erros de português. Beijos, até logo.