Romeu e Julius - 01x11 - CONFRATERNIZAÇÃO

Um conto erótico de Escritor Sincero
Categoria: Homossexual
Contém 3415 palavras
Data: 02/03/2015 15:58:32
Última revisão: 13/05/2025 05:25:15

Quem quiser viver uma experiência emocionante do final peço que baixem e leiam o capítulo com as músicas dos links a seguir:

Oasis - Stop Crying Your Heart Out - https://www.youtube.com/watch?v=dhZUsNJ-LQU

Yo Sabía - High School Musical - https://www.youtube.com/watch?v=nYz4f5d-zzw

A brisa cortante sussurrava segredos antigos enquanto os jovens atravessavam a parte mais fria de Framon. Ali, o mundo parecia feito apenas de branco — camadas intermináveis de neve cobriam o chão como um véu fúnebre, e as montanhas distantes, cobertas de gelo, erguiam-se como sentinelas silenciosas. O vento uivava entre as pedras, trazendo um frio que parecia não apenas tocar a pele, mas atravessar ossos e penetrar na alma.

Mitty, o príncipe rebelde, se tornara um fardo incômodo. Para avançarem com mais rapidez, amarraram-no com tiras de couro resistente e o colocaram sobre o lombo de um cavalo. Mesmo preso, ele se remexia constantemente, tentando, em vão, desfazer os nós. Os olhos, por vezes, mostravam ódio. Outras vezes, puro desespero.

O grupo finalmente parou e montou acampamento. No coração do vazio gelado, ergueram tendas com esforço. Catherine, sempre atenta aos detalhes, usou sua magia para melhorar as estruturas. Tecidos mais grossos, camadas extras de cobertores, proteção mágica contra o frio — tudo brotava de seus feitiços como uma resposta ao ambiente cruel. A jovem feiticeira sentia que algo dentro de si mudava. Seus poderes cresciam com uma rapidez quase assustadora.

— Caramba. Acho que meus dedos estão congelados. — Soltou Romeu, soprando as mãos enquanto esfregava as palmas, tentando vencer o frio.

— Eu não sinto frio. — Respondeu Klaudo de dentro da bolsa de Julius, com a voz abafada e tranquila.

— Bom para você, folgado. — Vociferou Julius com um tom seco, arrancando risos sinceros do grupo, que precisava de qualquer distração naquela paisagem hostil.

Mas o alívio foi breve.

— Gente, a barreira de proteção foi levantada. — Anunciou Catherine com um certo orgulho, antes de ser interrompida pela voz trêmula de Bartolomeu.

— Gente... O Mitty...

Seguiram-no em meio à neve alta e encontraram o príncipe estirado no chão, inerte. Um filete de sangue escorria de sua têmpora, marcando a neve com uma mancha escarlate.

— Juro que não fiz nada! — Exclamou Bartolomeu, alarmado, temendo ser mal interpretado.

— Calma, irmão. — Tranquilizou Julius, colocando a mão em seu ombro. — Ele deve ter caído. Vamos levá-lo para uma tenda. Klaudo, Catherine, podem dar uma olhada nele?

— Tudo bem. Tem um remédio ótimo. — Respondeu Klaudo correndo até a tenda de Catherine.

O rancor era como uma faca de gelo: silenciosa, constante e, no fim, fatal. Apesar das provocações constantes de Mitty, Julius e Romeu não conseguiam ignorar a dor oculta por trás do olhar altivo do príncipe. Framon ainda dependeria dele... de alguma forma.

Com cuidado, Clarissa e Romeu levaram Mitty até uma das tendas. Amarraram suas mãos com delicadeza, mais por precaução do que por medo, garantindo que ele ficasse seguro — e que não causasse mais danos.

Lá fora, o vento piorava. A nevasca começava a tomar forma, e Julius alimentava a fogueira, concentrado nas labaredas laranja que tremulavam como fantasmas dançantes. Bartolomeu se aproximou com um machado em mãos e começou a cortar lenha.

— Coitado do príncipe... — Lamentou Bartolomeu, com um suspiro.

— Ele mereceu. Não sinta pena dele... — Retrucou Julius, seco, recolhendo a lenha caída no chão.

— Ele está sob efeito de um feitiço. — Ponderou Bartolomeu, com a voz firme.

— Antes de qualquer feitiço, ele já me odiava. — Julius abaixou o olhar, lutando contra as lembranças de rejeição.

Bartolomeu bateu com força na lenha. O estalo foi tão forte que o machado se partiu.

— Acha que vai ser fácil em Costa Estrela?! — Gritou, deixando que a dor se misturasse à raiva. — Acha que todos vão te aceitar? Mitty é só o primeiro. Vai ter muitos outros, Julius. Milhares.

A neve caía em silêncio, mas suas palavras ecoaram como trovões. Longe dali, uma sombra movia-se com objetivos sinistros. Cen, agora revitalizado, plantava sua criação mais mortal. Lin observava de longe, nervosa.

— É um plano muito arriscado, mestre... — Comentou ela.

— Eu não pedi sua opinião. — Cortou Cen, insensível, girando a semente mágica entre os dedos. — Eles vão entender o que é poder.

No acampamento, Julius estendeu um copo de chá quente para o irmão. Bartolomeu aceitou, relutante. Sentaram-se lado a lado, em silêncio, apenas ouvindo o crepitar do fogo.

— Eu te amo, Julius. Eu lembro da primeira vez que te vi no berço. Tão pequeno... tão indefeso. — Confessou Bartolomeu, com os olhos marejados.

— Bartolomeu, Costa Estrela é a melhor opção...

— O papai não é obstáculo. O problema é você. Você tem vergonha de quem é.

— Eu só quero paz. Ser eu mesmo... em paz.

— E nós? Eu, a Catherine e a mãe? Não contamos? Você não faz ideia de como vai doer.

Bartolomeu jogou o tronco no chão. O som de madeira rachando foi abafado pela neve

Acompanhada por caveiras vivas, cujos ossos estalavam a cada passo, Lin se aproximou do acampamento dos jovens. Abriu um pequeno frasco e lançou mais sementes no chão congelado. O solo começou a tremer. Enquanto isso, a discussão entre os irmãos crescia.

— Pra você tudo sempre foi fácil. O menino de ouro do papai. — Acusou Julius.

— Você é um tolo mesmo! — Gritou Bartolomeu.

— O que está acontecendo aqui? — Catherine apareceu, assustada.

— Você também é contra minha partida? — Perguntou Julius, amargurado.

— Sim. Não quero que vá. Somos uma família.

— Sinto muito... Depois que salvamos nossos pais, eu vou pra Costa Estrela com o Romeu.

— Nós já te aceitamos, seu bobão! — Gritou Bartolomeu, voltando para a tenda.

Mas não estavam sozinhos. Sob seus pés, a terra vibrava. As sementes haviam germinado, e com elas, o horror. Uma criatura começou a emergir do solo — uma fusão grotesca de árvore e urso, com pelos que brilhavam em tons de breu e olhos flamejantes. À meia-noite em ponto, o monstro rugiu. Um som que rasgou o silêncio da noite como uma lâmina.

— Que foi isso? Estão todos bem?! — Questionou Bartolomeu, saindo da tenda empunhando suas armas. Romeu e Julius apareceram logo depois, ainda confusos.

Um tronco atravessou o acampamento e quase destruiu a tenda de Catherine e Clarissa. Klaudo foi o primeiro a ver a criatura por inteiro e, por um instante, sua coragem desapareceu. Ele soube naquele momento: o verdadeiro terror de Framon finalmente havia despertado.

A terra tremeu. Primeiro, de leve, como um aviso distante. Mas os tremores cresceram, pulsando como batidas de um coração colérico sob os pés do grupo. As árvores que cercavam o acampamento se curvavam ao peso do vento que precedia a criatura. Um cheiro de musgo podre e enxofre cortava o ar gelado da floresta coberta pela neve fina.

Bartolomeu estreitou os olhos, e então viu. Grotesco.

Os olhos da criatura eram duas esferas rubras, como carvões acesos na noite. Sua pele, recoberta por camadas e camadas de pelos verdes, refletia a luz das fogueiras do acampamento em tons ameaçadores. Das costas curvadas do monstro erguiam-se múltiplas vinhas afiadas como lâminas. Ele era imenso — não apenas em tamanho, mas em presença, como se toda a floresta recuasse para dar-lhe passagem.

Bartolomeu teve um vislumbre, um eco do passado — a lembrança da batalha contra o dragão de Tharam. Seus músculos enrijeceram. Sabia o que estava por vir. Sabia, também, que talvez não saíssem todos vivos dessa vez.

À medida que o monstro se aproximava, os tremores tornaram-se constantes, como se a própria terra respirasse de medo.

Dentro de uma das tendas do acampamento, Mitty recobrou os sentidos. As luzes dançantes da fogueira do lado de fora lançavam sombras confusas sobre as lonas. A primeira coisa que sentiu foi a dor — não física, mas um desconforto na alma. Tentou mover os braços e percebeu que estava amarrado.

— Onde... onde estou...? — Balbuciou, a voz arrastada, o olhar perdido na penumbra. Lutava contra as cordas com movimentos trêmulos, sem entender. — Catherine! Bartolomeu! Que barulho é esse?! — A confusão misturada com um medo infantil, como um pesadelo do qual não conseguia acordar.

Do lado de fora, o silêncio tenso se rompeu com o impacto de uma pata colossal que caiu a poucos metros de Bartolomeu, rachando o chão. Terra e neve voaram no ar. O líder sentiu o peso da responsabilidade e da incerteza lhe esmagarem o peito.

— Como atacar algo assim...? — Pensou, o olhar fixo no monstro. O plano fugia-lhe entre os dedos como água gelada.

— Corram. — disse, finalmente, com firmeza. Foi mais uma ordem de sobrevivência do que uma estratégia.

O grupo se dispersou em um impulso. Romeu, impetuoso como sempre, correu em direção ao perigo. Esquivou-se das patas gigantescas com uma agilidade impressionante e cravou sua lâmina em uma das patas do monstro, causando um corte ínfimo, mas revelador.

— Os pelos dificultam demais. — observou Julius, arquejando, abrigado atrás de uma árvore retorcida.

O monstro rugiu, furioso. Seus olhos cravaram em Romeu. Num movimento brutal e veloz, agarrou o rapaz com suas garras, como quem segura um brinquedo qualquer. O grito de Catherine ecoou na noite quando viu Romeu ser arremessado contra uma fileira de arbustos.

Para salvá-lo, ela concentrou energia nas palmas das mãos. Uma, duas, três esferas de luz azulada cortaram o ar e explodiram contra o flanco da criatura. O impacto fez o monstro girar a cabeça para ela, irritado.

Mas algo estava em seu caminho: a tenda onde Mitty ainda estava preso.

— Julius! Cuida do príncipe! — Perdiu Catherine, já correndo na direção oposta para afastar a criatura. Outra sequência de projéteis de energia riscou o céu escuro.

Julius hesitou por um instante. Mitty. O nome lhe pesava como uma corrente. As lembranças ainda estavam vivas: a dor, a traição, a ferida que latejava em sua carne e em seu coração. Mas pensou em Framon. No povo. No futuro. E, então, correu.

A neve dificultava os passos, mas ele avançou com força, tropeçando, afundando, até alcançar a tenda. Lá dentro, encontrou o príncipe suando, desesperado.

— Julius! — Gritou Mitty. — O que está acontecendo?!

— Um monstro gigante. De Cen. Longa história. Te explico depois. — Julius falava rápido, enquanto cortava as cordas.

— Rápido, Julius! — Implorou Mitty, ainda sem entender a dimensão do perigo.

— Você me reconhece?!

— Claro que sim. — Respondeu o príncipe, confuso com a pergunta. — O que está havendo?

— Poção maligna. Você, assassino. Eu, ferido. Mágoas... — Resumiu Julius, mais para si mesmo do que para o outro.

Um novo tremor os interrompeu. O chão vibrou como se estivesse prestes a se partir. Mitty tentou se levantar, mas suas pernas não responderam.

— Eu... não consigo... — Sussurrou, pálido.

Klaudo, o monstro protetor do grupo, entrou com as narinas arfando e os olhos atentos.

— Ele está perto. Temos que sair. — Rosnou, pegando os pertences de Mitty.

Julius ergueu o príncipe nas costas e correu, seu coração apertado com o peso — não só físico, mas emocional — que carregava.

— Klaudo, e os outros? — Perguntou entre arfadas.

— Dispersaram. — Explicou a criatura, olhos sempre alertas.

Mitty deixou a cabeça cair no ombro de Julius, exausto.

— Estou cansado. Sou um peso morto, Julius... — Sua voz saiu baixa, envergonhada, arrastando as memórias do que fizera.

— O gigante ainda está à solta. Precisamos ir. — Respondeu Julius, tentando esconder o amargor da lembrança da punhalada.

— Eu lembro... lembro de ter te machucado...

— Estou ótimo. Não se preocupe. — Disse o jovem, ao encontrar um arbusto espesso. Deitou o príncipe no chão e o cobriu com um pano. — Vou encontrar os outros.

— Ei, Julius... cuidado. — Alertou Mitty, pela primeira vez com sinceridade nos olhos, com medo por aquele que outrora feriu. Julius assentiu.

— Pode deixar. Klaudo, fique com ele. Qualquer coisa, me procure.

Respirou fundo. E, com passos decididos, sumiu entre as árvores, indo ao encontro do monstro e de seu destino.

O frio cortava como navalha, e a neve parecia não dar trégua, lançando seus flocos espessos sobre o solo já coberto por um manto branco. Julius não precisou andar muito. O "pequeno amigo", como se referia com ironia, estava à espreita. Bastou um único golpe do monstro para que seu corpo fosse arremessado como uma folha ao vento. Ele voou até próximo de um penhasco, e só não despencou graças ao colchão de neve que amorteceu sua queda brutal.

Por alguns minutos, Julius permaneceu desacordado, os olhos fechados, o peito arfando lentamente. Seu rosto estava coberto por neve e um traço de sangue escorria pela lateral da testa. Quando o príncipe Mitty o viu caído, um aperto percorreu seu estômago.

— Julius, acorde. — Soltou Mitty, ajoelhando-se ao seu lado e dando leves tapas no rosto do companheiro. — Vai... acorda, caramba.

Klaudo se manteve próximo, em alerta, os olhos fixos na silhueta imponente do monstro, que agora avançava. A criatura emitia um grunhido surdo e grotesco, seus olhos brilhando de forma inumana. Era um gigante disforme, coberto por pelos e cicatrizes, e seu hálito fétido congelava o ar ao redor. Mitty nunca havia presenciado algo tão repulsivo. E o terror se tornou absoluto quando, pendurados por uma corda sobre o ombro do monstro, estavam Bartolomeu, Clarissa, Romeu e Catherine — inertes, amarrados de cabeça para baixo como troféus.

O príncipe sentiu o desespero crescer em seu peito. Seus dedos tremiam ao pegar o arco. Restavam poucas flechas em seu estojo de couro, e ele sabia que um erro custaria tudo.

— Por favor, me ajude, mãe... — Pensou, sentindo os olhos arderem. Recordou a mulher que sempre lhe ensinou a nunca duvidar de sua coragem. — Eu não posso errar.

Inspirou profundamente, tentando conter a tremedeira nas mãos. Mas, no instante em que puxou a corda do arco, o monstro emitiu um rugido que virou rajada. Uma onda de vento brutal atingiu Mitty com força. Ele voou para a beira do penhasco, e, num ato de puro instinto, segurou-se em algumas raízes que despontavam da encosta congelada.

Julius, agora desperto e ainda dolorido, viu a cena com olhos arregalados. Ignorando a dor que latejava em seus ossos, ergueu-se. Não havia tempo. Notou um ferimento aberto na pata do gigante — um golpe antigo, talvez feito por Romeu. Era a brecha.

Com agilidade surpreendente, Julius correu e cravou sua lâmina exatamente ali. A criatura urrou, girando o corpo, tentando acertá-lo. Julius desviou, pulando sobre rochedos, e viu Mitty prestes a escorregar.

— Vem! — Gritou, estendendo a mão. Mitty, pendurado, olhou-o com os olhos marejados.

— Me solta. E mata essa criatura! — Berrou, quase sem esperança. — Me solta...

— Não. Minha prioridade é outra. Vem! — Insistiu Julius, forçando o braço até alcançar o príncipe. Com um impulso doloroso, puxou-o de volta ao chão firme.

Mitty não hesitou mais. Sacou o arco e, com mãos suadas e trêmulas, pegou a última flecha. Era tudo ou nada. Mirou no olho esquerdo do gigante. Respirou fundo. Apertou os olhos, focando na única chance de vitória. A flecha partiu cortando o ar como raio. Em silêncio absoluto, todos pareciam prender a respiração.

O projétil atingiu em cheio. O grito da criatura estremeceu o chão. Cambaleante, ela caiu de costas, rachando o solo com seu peso descomunal. Julius não perdeu tempo — correu até o corpo e fincou a espada no crânio da besta. Uma fumaça esverdeada subiu, envolta em um cheiro acre e metálico. A criatura desapareceu.

Sem hesitar, Julius usou sua lâmina para cortar as cordas e libertar os companheiros. Quando os corpos se soltaram, ele segurou Romeu com delicadeza, e seus olhos se encontraram. Catherine, ainda tonta, logo ergueu as mãos e restaurou o escudo de proteção ao redor do acampamento. A ameaça havia passado.

A neve cessou. E o silêncio caiu como um manto sagrado. A destruição ao redor era imensa, mas havia vida. E onde há vida, há festa. Mais tarde, com uma fogueira acesa e vinho aquecendo os corações, Mitty ergueu um copo de madeira.

— Pessoal! — Bradou. — Sei que fui um paspalho... durante todo esse tempo. Mas quero pedir desculpas. Especialmente a Romeu e Julius. Vocês não são apenas colegas de viagem. São meus amigos. Me perdoem por perceber isso tão tarde. Bartolomeu, embriagado de emoção e vinho, os abraçou com força.

— Romeu, Julius... no começo foi um choque ver vocês juntos. Mas você, Julius, é meu melhor amigo, e você, Romeu, meu irmão. A gente só quer ver vocês felizes.

— Vocês já dançaram juntos? — Perguntou Clarissa com um sorriso travesso. Julius e Romeu coraram imediatamente.

— Se eu tivesse um alaúde... — Comentou Mitty, rindo.

— Alaúde não é problema. — Afirmou Catherine, invocando o instrumento em um lampejo de luz.

Mitty piscou para ela e começou a tocar uma canção suave. Os dedos dançavam nas cordas, e a melodia enchia o ar.

Julius, nervoso, tomou a mão de Romeu e o levou até o espaço aberto. Pisou no pé do amado mais de uma vez, mas nada importava. Quando Romeu o envolveu pela cintura, o mundo se calou.

Ali, entre sorrisos tímidos e toques gentis, o amor dos dois se fez luz. Nenhuma palavra ofensiva, nenhum olhar julgador poderia apagar aquilo.

Mais tarde, todos dormiram... menos eles. Deitados, aquecidos apenas pelos próprios corpos e sentimentos, trocaram beijos, carícias, promessas. Julius, com os olhos brilhando, murmurou:

— Eu te amo, Romeu.

— Eu te amo, Julius. Nós dois, assim... parece tão certo. Por que o mundo insiste em tornar tudo tão difícil?

Julius se aproximou e sussurrou:

— Não sei o que o futuro nos reserva. Hoje, quase morremos. Eu só sei que não quero partir sem ser teu, por inteiro.

— Você tem certeza?

— Absoluta.

A tempestade que os rondava havia cessado. Do lado de fora da barraca, o silêncio era pesado, como se o próprio mundo estivesse prendendo a respiração após o rugido final da criatura de Cen. Restava apenas o som calmo do vento passando pelas árvores e o calor suave das brasas que Romeu havia mantido acesas em uma pequena lamparina. Ali, protegidos do frio da noite sob um cobertor gasto, Julius e Romeu respiravam juntos, corpos entrelaçados e corações finalmente em paz.

Nenhuma palavra era necessária — bastava o toque de Romeu nos cabelos de Julius, seus dedos deslizando devagar, como se contassem uma história muda de tudo o que haviam vivido até aquele momento. Julius, com o rosto aninhado no peito do companheiro, sentia o mundo inteiro desaparecer ali, no compasso do coração de Romeu.

A batalha havia acabado, mas dentro deles algo apenas começava. O medo, as dúvidas, a dor… tudo parecia ter ficado para trás. Agora havia apenas aquele instante, puro e inevitável. Romeu ergueu o rosto de Julius com delicadeza, como quem segura algo frágil, e o beijou com lentidão — um beijo que não pedia nada, apenas entregava.

Os corpos se procuraram com carinho. Cada gesto era um pedido silencioso de abrigo, cada suspiro uma confissão contida por tempo demais. Eles se despiram sem pressa, com o cuidado de quem desembrulha um presente valioso. A pele encontrou a pele como se já se conhecessem desde antes da primeira memória. E ali, no calor daquela tenda pequena, sob o véu da madrugada, fizeram amor como quem encontra o lar.

Não havia pressa, nem vergonha, apenas a entrega serena de dois homens que, por fim, entenderam que pertenciam um ao outro. Romeu murmurou o nome de Julius como se fosse uma prece, e Julius segurou firme a mão dele, como quem jamais queria soltar. O mundo podia ruir ao redor — dentro deles, havia apenas paz.

Depois, com o corpo ainda aquecido e o coração mais leve do que nunca, Romeu procurou algo entre os pertences, sorrindo com timidez. Encontrou uma rosa, que havia guardado desde a manhã anterior. Sem dizer nada, ofereceu a flor a Julius, que a pegou com um brilho nos olhos.

— Eu… não tenho nada bonito como isso. — Julius murmurou, coçando a nuca, um sorriso envergonhado escapando.

Após um instante, puxou de seu lado uma pequena caveira, provavelmente de algum animal que haviam enfrentado semanas antes. Entregou-a com um ar solene e divertido.

— Mas acho que é bem simbólico… sobrevivemos a isso juntos.

Romeu riu, e o riso dele fez a barraca parecer mais quente. Pegou a caveira com reverência fingida e a colocou ao lado da rosa.

— A rosa e a caveira. — Disse ele. — Parece até o começo de uma lenda.

— Ou de um final feliz. — Completou Julius, antes de puxá-lo novamente para seus braços.

Naquela noite, não precisaram de mais promessas. O amor deles era construído nos pequenos gestos, nas batalhas vencidas lado a lado, nas brincadeiras tolas que quebravam o silêncio. E, entre a rosa e a caveira, souberam que, acontecesse o que acontecesse depois, já haviam encontrado algo raro e verdadeiro.

Enquanto isso, distante dali, no trono gelado de Kinopla, os olhos de Cen se fecharam em concentração. A próxima provação viria. E alguém pagaria o preço. Mas quem?

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Comentários

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e o amor novamente falou mas alto .rsrs anciosa pelo proximo.e ultimo .beijo seu fofo.

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