Romeu e Julius - Amor em Framon - 01x01 - O QUE VOCÊ FEZ?

Um conto erótico de Escritor Sincero
Categoria: Homossexual
Contém 3533 palavras
Data: 24/01/2015 20:29:14
Última revisão: 07/05/2025 04:25:26

Oi, sou o Escritor Sincero, também conhecido como Diego ou My Way, para o pessoal da Casa dos Contos. Atualmente (2021), estou com uma conta no Wattpad e resolvi reescrever algumas histórias e chegou a vez de "Romeu e Julius". Todos os dias, vou repostar um capítulo "novo antigo". Um abraços e, por favor, se cuidem!!!!

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A homofobia é uma palavra relativamente nova para a humanidade, mas, antes disso, poucos conseguiam sequer imaginar algo relacionado ao tema. O preconceito esteve tão enraizado que, em alguns lugares, homossexuais foram julgados como pervertidos ou invertidos. Mesmo em Framon, um reino próspero e acolhedor, essa questão ainda foi vista com maus olhos.

O único lugar onde casais do mesmo sexo podem ficar juntos é chamado de Costa Estrela — uma cidade marginalizada e esquecida. Sim, o preço do amor, algo puro e bonito, também pode ser triste e doloroso.

Nossa história começa no Reino de Framon, mais precisamente na Rua das Cerejeiras, onde mora Celdo Mazzaro, um especialista em batalhas e braço direito do rei Nilo, soberano de Framon. Em sua mansão, Celdo observava atentamente o relógio de parede. As horas pareciam não passar e, a cada movimento do ponteiro, seu coração pulsava mais forte.

O motivo do nervosismo? O nascimento de mais um herdeiro — o terceiro, para ser exato. A movimentação no salão aumentou; empregados e amigos da família aguardavam ansiosos a chegada da criança.

Sem entender nada, o pequeno Romeu, de quatro anos, brincava distraído, alheio à agitação ao seu redor. Em um movimento brusco, uma das empregadas chutou sua bola, que rolou até uma grande porta. Romeu correu atrás da bola e, ao pegá-la, escutou o choro de um bebê vindo do outro cômodo. Curioso, ele entrou e ficou encantado com o tamanho do aposento. O quarto era grande e claro. Os móveis, sob sua perspectiva, pareceram ter saído de um livro sobre gigantes. No centro do quarto, Romeu avistou uma cama e, mesmo com medo de levar uma bronca, se aproximou.

— Vai se chamar Julius Albert Mazzaro. — Anuncia Melody, esposa de Celdo, segurando o bebê envolto em um lençol de seda azul.

— Por que ele está sujo de sangue? — Perguntou Romeu, deixando a bola de lado e subindo na cama com dificuldade.

— Oh, pequeno Romeu. — disse Melody, surpresa, mas feliz ao ver o garoto. — Venha conhecer seu novo amiguinho. Ele se chama Julius.

— Oi, Julius. — Cumprimentou Romeu, aproximando-se e segurando a mão do bebê.

O bebê reagiu à voz de Romeu com uma espécie de gargalhada. Emocionada, Melody garantiu que Romeu e Julius seriam grandes amigos no futuro. Infelizmente, o momento de ternura foi interrompido por uma das empregadas, que pediu desculpas à patroa e retirou Romeu da cama.

— Espere. — Protestou Romeu, correndo até o chão para pegar a bola. — Este é meu presente para o Julius — disse, entregando-a a Melody.

— Que gesto lindo, Romeu. — Agradeceu Melody. — O primeiro presente do Julius.

17 ANOS DEPOIS

Os anos passaram, e a previsão de Melody se concretizou. Romeu e Julius tornaram-se grandes amigos. Fazem tudo juntos: se aventuram por Framon, acampam e, claro, tomam banho nos riachos e cachoeiras da região. A diferença de idade nunca foi um problema — na verdade, parecia fortalecer ainda mais o laço entre eles.

Após um dia exaustivo de treinamento, Romeu decidiu procurar seu melhor amigo. Entrou no celeiro, último lugar onde Julius foi visto pelos funcionários. A ideia era surpreendê-lo, mas as coisas aconteceram de forma diferente.

— Em guarda! — Gritou Julius, surpreendendo Romeu ao pular sobre ele. — Pegue sua espada, cavaleiro real! Quero uma luta justa — Pediu, balançando a espada na direção de Romeu.

— Tudo bem, justo. — Respondeu Romeu, sacando a espada e sorrindo.

Apesar do físico magro, Julius foi habilidoso com a espada. Aplicou um golpe ensinado por Romeu, que reagiu da melhor forma possível. Os dois ficaram frente a frente, aguardando o momento certo para atacar. O coração acelerou, o suor escorreu pelo rosto, e os olhos permaneceram atentos a cada movimento do oponente. Julius não gostava de perder, nem mesmo para o melhor amigo. Usou toda a habilidade adquirida durante os treinos com Romeu.

— Em guarda! — Gritou Julius mais uma vez, partindo para o ataque. Romeu desviou com maestria.

— Calma, rapaz! — Pediu Romeu, girando para a esquerda e fazendo Julius tropeçar.

— Ei... — Julius passou direto e ficou de costas para Romeu.

— Regra número sete. — Relembrou Romeu.

— Nunca dê as costas para o inimigo. — Respondeu Julius, revirando os olhos e voltando a atenção para o amigo.

Um golpe certeiro de Julius fez Romeu cair de joelhos. Em seguida, ele tentou uma investida corporal. Contudo, como Romeu era mais pesado, os dois acabaram caindo no chão, um sobre o outro. Seus rostos ficaram próximos, e, por um instante, os segundos pareceram se alongar em horas. Um trovão, porém, os trouxe de volta à realidade.

— Pensei que estivesse no Centro de Batalha. — Comentou Julius, levantando com dificuldade e estendendo a mão para Romeu.

— Teu pai me deu o dia livre. — Explicou Romeu, segurando a mão de Julius para se levantar. — Não tenho culpa de ser o escudeiro mais habilidoso.

— Claro. Você é o favorito dele. Queria que ele tivesse visto como te surpreendi.

— Já estou velho para essas brincadeiras. — Falou Romeu, guardando a espada na bainha presa ao cinto.

— Em breve você fará 21 anos e será nomeado cavaleiro real. Enquanto isso, eu continuarei aqui, estudando fórmulas e cálculos chatos. — Lamentou Julius, deixando a espada sobre uma mesa.

— Guerras foram cruéis, Julius. Teu pai não quer que você se machuque. E eu também não. — Disse Romeu, aproximando-se e limpando o suor do rosto de Julius.

A amizade entre os dois realmente é bonita de se ver, mas nem todos na cidade compartilham deste sentimento. Enquanto caminhavam pelas ruas de Framon, Romeu e Julius eram alvos de comentários maldosos.

— Olha lá. Esses dois vivem grudados. Deviam ter ido para Costa Estrela. É lá que moraram os invertidos. — Zombou o Sr. Patrick, padeiro local.

— Deixe disso. Se o capitão Mazzaro souber dos seus comentários... — Advertiu Cido, um de seus funcionários.

Apesar de seu talento com a espada, Julius não possuía a menor noção de espaço. Estava sempre esbarrando em alguém ou tropeçando. Felizmente, Romeu sempre o ajudou.

— Sério, Romeu. Ela pegou a bola e jogou longe. — Contou Julius, abrindo os braços e, sem querer, derrubando um homem ao lado. — Meu Deus, senhor, me perdoe. — Pediu, ajudando o homem a se levantar.

— Perdão. — Repetiu Romeu com um sorriso amarelo. — Esse jovem foi um pouco desastrado.

— Romeu, Julius! — chamou Celdo, acenando para os dois.

— Pai? — respondeu Julius.

— Vamos para casa. O cocheiro nos espera. — Anunciou Celdo.

— Já? Tá bom. Precisei ir, Romeu. E desculpa pela surra de hoje. — Brincou Julius, abraçando o amigo.

— Na próxima, não vou pegar leve. Até mais.

Ordem é uma palavra muito usada no vocabulário de Celdo Mazarro. Ele é o responsável pelo Centro de Treinamento de Framon, local onde já pisaram os mais habilidosos guerreiros. Até mesmo as pessoas que não eram daquele reino conheciam os feitos de Celdo. Porém, até mesmo o mais imponente dos homens possuí um passado obscuro — e isso poderia trazer muitos problemas para todos.

Pai e filho caminhavam até a entrada da mansão. Eles não conseguiam encontrar um assunto em comum, então o silêncio reinava naquela relação. Antes de entrar em casa, Julius sentiu o aroma agradável da torta de carne, seu prato preferido na vida.

Além de Julius, Celdo e Melody tiveram dois filhos: Catherine e Bartolomeu. Apesar da severidade de Celdo, ele amava os filhos com todo o coração e queria o melhor para eles. Ao sentar-se à mesa, Julius devorou em minutos duas fatias de torta e um pedaço de bisteca.

A fome do caçula dos Mazarro só não era maior do que o desejo de se aventurar no mundo das batalhas. Infelizmente, esse tópico trazia um debate acalorado à mesa de jantar. Um dos maiores desejos de Julius era participar do Centro de Batalha.

— Seu destino é estudar e tornar-se um brilhante médico. — Afirmou Celdo, tentando manter a paciência.

— Médico? — Soltou Julius, fazendo uma careta engraçada. — Eu não quero ser médico. Desejo participar de batalhas e...

— Deixe de ser tolo. Seu irmão, Bartolomeu, é o único com habilidades para tal. Você, meu filho, meu caro filho, precisou focar em outra profissão. — Aconselhou Celdo, levantando-se e andando até o filho. Então, bagunçou os cabelos de Julius.

— Achei isso injusto. Vou fazer uma greve de fome.

— Você, greve de fome? Isso nunca aconteceria. — Brincou Catherine, fazendo Julius ficar vermelho de raiva. — Deixe de ser bobo. Pense pelo lado positivo, irmão.

— Não consigo enxergar nenhum. — Garantiu Julius, fechando a cara durante o restante do jantar.

— Desculpa, Julius — Pediu Bartolomeu, flexionando os músculos e fazendo várias poses engraçadas.

— Chato. — Respondeu Julius, mostrando a língua para o irmão.

A noite caiu em Framon e todos entraram em suas casas para descansar. A temperatura estava agradável, e uma forte brisa balançou as árvores da cidade. O único que não conseguia dormir era Julius. Ele continuou com a ideia de participar de um treinamento no Centro de Batalha.

Na calada da noite, o jovem entrou sorrateiramente no quarto de Bartolomeu, seu irmão mais velho. Os dois possuíam uma ótima relação, mas nada comparado ao laço entre Julius e Romeu, o que despertava até uma certa inveja em Bartolomeu.

— Julius, não. Papai me castra se eu, pelo menos, pensar em te ajudar. — Afirma Bartolomeu, pegando na virilha. — E outra, papai trabalhou bastante para nos dar esse conforto. Ele te protege, sim, mas não é por mal.

— Eu sei disso. Claro que sei, mas...

— Vá com calma. Agora vá. Precisodormir. Tenho um dia longo amanhã. — Contou, pegando no ombro de Julius. — Você é um ótimo irmão, Julius. Pena que é um péssimo guerreiro. — Concluiu, expulsando Julius do quarto.

— Eu vou te provar, Bartolomeu. Serei um guerreiro melhor do que você. — Murmura Julius, andando em direção ao seu quarto.

No dia seguinte, Julius procurou seu confidente, Romeu, para fazer uma revelação. Eles se encontraram na floresta, próximo a uma velha cabana. Aquele lugar foi descoberto por Romeu e virou uma espécie de Quartel-General dos amigos.

Ainda chateado pela decisão do pai de não deixá-lo participar dos treinos, Julius pensou em vários planos infalíveis, como, por exemplo, entrar de penetra no Centro de Batalha e participar de uma luta. Como o mais velho da dupla, Romeu tentou ponderar o lado irresponsável de Julius, o que foi uma missão difícil.

— Julius, você é um rapaz diferente. Não nasceu para essa vida. — Comentou Romeu, sentando-se em um velho banco empoeirado.

— Diferente, diferente... — Repetiu Julius, andando de um lado para o outro. — Cansei de todos falarem isso para mim. Sou muito bom com uma espada. Consigo derrotar qualquer um...

— Tá bom. Eu te ajudo. — Romeu deu-se por vencido, revirando os olhos e cruzando as pernas.

— Obrigado! — exclamou Julius, que tentou correr em direção a Romeu, mas acabou tropeçando e derrubou o amigo da poltrona.

— Você é... — Romeu não conseguiu terminar a frase, pois teve um acesso de riso.

Longe dali, nas montanhas geladas de Kinopla, região sul de Framon, o malvado feiticeiro Cen Pentagon bolava um novo plano para conquistar o reino. Durante anos, Cen ficou recluso, pois esperava o momento certo de atacar. Através de uma bola de cristal, ele conseguia assistir à rotina de Framon.

Na penumbra do seu castelo, o feiticeiro arquitetava seus planos diabólicos. A fisionomia de Cen era a de um morto-vivo. Sua pele pálida estava ressecada; os olhos vermelhos brilharam ao pensar na vingança contra o reino; no corpo, o feiticeiro ostentava vários símbolos que lembravam pentagramas.

Para não ficar sozinho, Cen decidiu criar um escravo, mas esse ato de desespero lhe custou uma parcela grande de poder. O nome do servo era Klaudo, uma junção de sapo, cobra e besouro. Infelizmente, pelo menos para Cen, o monstro nasceu dócil.

— Mestre, o senhor precisa descansar. — Pediu Klaudo, ficando de joelhos diante da presença de Cen.

— Eu não quero descansar. Eu o meu desejo é acabar com o Celdo! — Gritou Cen, que despertou uma tempestade sobre o castelo abandonado. — Eu quero vingança, Klaudo! — Vários raios atingiram as torres dos castelos.

— Aaah! — Exclamou Klaudo, jogando-se no chão e protegendo a cabeça com suas patas. — O senhor ainda não reuniu poder suficiente. Precisa guardar mais energias.

— A bruxa que me derrotou vai pagar caro. Assim que meus poderes forem restabelecidos, vou matar todos! — Riu alto, até ouvir Klaudo gargalhando. — Calado! — Mais trovões caíram do céu e atingiram o castelo. — Agora, preciso pensar na primeira arma que utilizarei para destruir Framon e todos que nele viviam!

Enquanto Cen idealizava um plano diabólico, Julius executava o seu, para o desespero de Bartolomeu e Romeu, que conseguiram colocar o jovem dentro do Centro de Batalha. O local lembrava uma arena usada por gladiadores, mas a ideia era formar guerreiros, não matá-los. Os bastidores ficavam agitados, uma vez que muitos homens desejavam participar e integrar a artilharia real.

Diferente do irmão, Bartolomeu é um rapaz alto e moreno. Seus olhos castanhos ganham destaque na pele escurecida por muito treinamento e horas debaixo do sol. Os trajes dele ficaram grandes em Julius, então, eles precisaram adaptar algumas peças, como o colete amarrado com uma corda de lã e o elmo sem a parte da viseira.

— Eu preciso aquecer antes. — Disse Julius, dando pequenos socos no ar e derrubando um dos competidores. — Desculpe, por favor, é a minha primeira vez aqui. — Ajudando o homem a se levantar.

— Pelo jeito que você derrubou o homem, Julius, acho que está mais que preparado. — Soltou Romeu, procurando uma forma de tirar a ansiedade de Julius.

— Preparado ou não, meu caro amigo, já estamos aqui. — Bartolomeu afirmou, dando uma última conferida no traje de Julius, que foi, basicamente, um colete de couro, um capacete velho e uma bainha com uma espada.

— Os próximos concorrentes podem entrar. — Anunciou um dos guardas do Centro de Batalha.

— É agora. — Disse Romeu, pegando no ombro de Julius e percebendo a tensão do amigo. — Ei, você consegue.

— O que eu faço?

— Aquilo que você fez de melhor, Julius. — Aconselhou Romeu, olhando para o amigo de forma carinhosa.

— Improvisar. — Falaram Romeu e Julius.

Do lado de fora, uma pequena plateia acompanhava os testes dos novos recrutas, incluindo Celdo, que gostava de saber quem eram as novas promessas. Agoniado por causa da roupa, Julius tropeçou, mas manteve a pose de guerreiro. O sol forte atrapalhava sua visão, já que Bartolomeu retirou a viseira do elmo.

— Quem são os desafiantes? — Perguntou Celdo ao comandante Ferbus, que segurava um papel com o nome de todos os recrutas.

— Teremos agora o embate entre Pum Aghora, como é? — Questionou Ferbus, fazendo uma careta engraçada, porém, continuando a apresentação. — Pum Aghora contra Marco Angelos. Que começasse a batalha!

— Pum? — Romeu tentou segurar o riso, sem sucesso.

— Eu sou péssimo nessas coisas. O importante é o Julius mostrar suas habilidades. — Desconversou Bartolomeu, responsável por inscrever Julius.

O adversário de Julius tinha 100 quilos de puro músculos, além de uma voz grave e ameaçadora. O homem segurava a estrela do amanhã na mão esquerda — uma esfera de metal com espinhos, presa a uma corrente — e o escudo padrão na mão direita.

Os rivais se encararam por alguns segundos, quando Marco tentou o primeiro golpe. De forma habilidosa, o filho de Celdo conseguiu desviar dos ataques e chutou o concorrente.

Em seguida, Julius desferiu vários golpes, e Marco recuou até ficar de joelhos. O jovem pulou por cima do brutamontes e tirou seu escudo. Irado e fora de controle, Marco girou a estrela do amanhã e mirou nas pernas de Julius.

— Você é um homem morto! — Esbravejou Marco, correndo em direção a Julius, que aguardava uma oportunidade de contra-atacar.

— Você sabia que a raiva é determinante para quem perde ou ganha? — Comentou Julius, desviando de um novo ataque.

— Cale-se e lute! — Esbravejou Marco, dessa vez mais rápido, e atingiu Julius no rosto.

— Julius! — Gritaram Bartolomeu e Romeu, preocupados com a direção da batalha.

— Marco, para quê tanta violência? Segundo os estudiosos, a agressividade é causada por um trauma na infância. Se você controlasse isso, talvez, eu disse, talvez pudesse ganhar. — Falou Julius, rapidamente, o que confundiu Marco.

A luta chamou a atenção de outros funcionários do Centro. No início, Celdo aprovou a técnica de Pum Aghora, apesar do nome estranho, mas percebeu uma agitação fora do comum em Bartolomeu e Romeu.

— Eu conheço esse rapaz. — Pensou Celdo, cerrando os punhos e controlando-se para não fazer confusão.

— Tá ardendo. — Disse Julius, passando a mão no rosto. — O que você passou na espada, pimenta?

— Neném fez dodói? — Marco perguntou, aproximando-se com velocidade.

— Ah! — gritou Julius, preparando o contra-ataque. — Isso vai deixar marca, seu bobalhão! — Golpeou Marco com o escudo e bateu com a espada em seu capacete. — Vai demorar para sair! — Aplicou um golpe corporal que derrubou o adversário como um saco de batatas.

— E o que você falou sobre raiva? — Questionou Marco, finalmente, abraçando sua derrota.

— Faça o que eu disse, mas por favor, não faça o que eu faço. — Respondeu, batendo com violência em Marco, que desmaiou e precisou ser socorrido.

A plateia aplaudiu a luta. Não havia um espetáculo assim desde o empate entre Bartolomeu e Romeu. Animado, Julius correu até o irmão e lhe deu um abraço. Em seguida, abraçou Romeu, que segurou o lado protetor ao ver o corte no rosto do amigo.

— Bartolomeu, o senhor Celdo está chamando. — Avisou um funcionário a Bartolomeu.

— Com licença. — Pediu Bartolomeu, saindo com o homem.

— Romeu, eu ganhei! — Celebrou Julius. — Eu ganhei. Ele veio cheio de valentia e eu o derrubei. Eu sou um herói. Você viu?

— Seu moleque teimoso. — Romeu sorriu, tirando o elmo de Julius.

A euforia os desarmou. Os fez esquecer as regras. Ao ver a alegria de Julius, Romeu tocou seu rosto e se aproximou. Sem reação, Julius percebeu o que ia acontecer — e não negou.

Foi um beijo. Um beijo calmo e carinhoso. O tempo parou. O coração de Julius bateu forte. Romeu não conseguiu evitar a sensação boa em seu coração.

No corredor, Celdo carregava Bartolomeu pela orelha e cortou o clima. Com os gritos, os dois afastaram-se, mas Julius não conseguiu disfarçar o choque, e Romeu queria um buraco para esconder-se.

— Vocês querem me matar do coração? — Perguntou Celdo, largando a orelha de Bartolomeu e agarrando a de Julius.

— Desculpa, pai. Desculpa. — Pediu Julius, gemendo de dor.

— Você também teve parte nisso, Romeu? — Quis saber Celdo.

— Eu ajudei, senhor. Lamento. — Respondeu Romeu, com as mãos trêmulas, mas não por causa de Celdo, e sim por ter beijado o melhor amigo.

— Que vergonha. Saia daqui. Deixe-me a sós com meus filhos! — Ordenou Celdo.

— Com licença. — Pediu Romeu, saindo sem coragem de olhar para Julius. — Eu não fiz aquilo. Eu não fiz aquilo — Pensou, descontando a raiva em um balde. — Maldição!

Duas horas de sermão. Celdo não entendia a paixão de Julius por batalhas, mas o caçula da família Mazzaro manteve a mesma opinião. Eles discutiram durante todo o trajeto para casa, e a teimosia de Julius lhe rendeu um bom castigo.

— Vá para o seu quarto e pense na bobagem que você fez. — Ordenou Celdo, preocupado com a possibilidade de Julius se ferir, mas permaneceu inflexível.

— Pai, eu não fui um garoto inútil. Eu quero pertencer a algo maior. Quero ser igual a você.

— Julius, eu não desejo esse fardo para você. Vá para o seu quarto, por favor. Pedirei para levarem o seu jantar. — Afirmou Celdo com um semblante cansado.

A fome não veio. O sono não apareceu. Julius não conseguiu pensar em nada, apenas no beijo que deu em Romeu. A cena se repetiu em sua cabeça, e seu coração acelerou do nada.

Perdido em seus pensamentos, Julius nem notou que Romeu batia em sua janela. Ao perceber a presença do amigo, ele se desequilibrou e caiu da cama. Sem jeito, Julius rastejou até a janela, levantou-se e deixou Romeu entrar.

Ficaram um de frente para o outro. As palavras não saíram por nada. Então, Romeu tomou a dianteira e tocou no rosto de Julius, que imediatamente fechou os olhos. Carinhoso, Romeu passou o dedão no machucado do amigo.

— O seu rosto melhorou. Fico feliz. — comentou Romeu, ainda tocando o rosto de Julius.

— Olha, eu preciso dormir e...

— Desculpe. — Interrompeu Romeu, cortando a linha de raciocínio de Julius. — Quero me desculpar pelo beijo. Estava feliz por você. Não me segurei.

— Fiquei confuso com essa atitude... eu... — Julius sentiu o toque de Romeu, que continuava acariciando seu rosto, e fechou os olhos.

— Fui um tolo. Não deveria.

— Eu...

— Você gostou?

— Eu não sei... você gosta de meninos? — Questionou Julius, assustando Romeu, que se afastou do amigo.

— Julius, não conte a ninguém, por favor. Eu preciso desse trabalho. Eu não sou invertido ou doente e....

— Tudo bem. — Julius o cortou, confuso. — Por favor, saia daqui.

— Eu vou. Não se preocupe. — Concordou Romeu, que saiu da casa de Julius com o coração em pedaços.

O beijo apareceu até no sonho de Julius, que acordou assustado com a possibilidade de estar apaixonado pelo melhor amigo. Na cabeça dele, aquele seria o fim da linha. Porém, como muitos sabem, infelizmente, não mandamos nos nossos sentimentos.

— Essa não. — Julius levantou-se da cama e foi em direção à janela. — Romeu, o que você fez?

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Comentários

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My God, que história perfeita.. nota 1000.. continua

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